Com um quê...


Caminho

Há medida que ando, sinto o vento. Ele transporta-me até ao meu destino e eu o sigo.
Cantas-me a tua história de fim-de-semana e eu a ouço. Sei o que se passa com tudo o que me rodeia sem olhar. É mais do mesmo, já não interessa.
A monotonia confunde-se e mistura-se. Já nem lhe sinto o sabor. Aquele sabor amargo que me deixa agoniado. Sinto-me como se fogo me percorresse.
Almas sem vida nem devaneio, tropeçam umas nas outras sem o saberem. Nem o notam! Apenas sentem algo, mas não ligam. Não ligam a eles próprios nem a nada. Apenas caminham mecanicamente. Seguem para todo o lado e não se questionam. Porquê? Porque tenho eu de fazer o mesmo percurso todos os dias? Há mesma hora, pelo mesmo caminho?
Apenas andam, errantes, sem o saberem.
Nunca pensaste se há mais alguma coisa? Para além da sobriedade e frieza? Por detrás da máscara que se põe de manha ao acordar e só se tira ao chegar a casa, depois de um fatigante dia de trabalho?
Alguma espécie de coisa sobrenatural, que não o é. Pois se existe então é natural. É natural que exista.
Dizem que não sou perfeito, que ninguém o é. Mas a natureza encarrega-se de tornar tudo perfeito. Logo eu sou perfeito, aos olhos da natureza. Porque não aos teus?
Se sou perfeito, então só tenho qualidades. Então o medo é uma qualidade.
Mas tu não precisas de ter medo. Já tens qualidades suficientes. Que brilham no teu olhar e no meu. Que te destacam da multidão e fazem de ti o que és. Tu!
A tua personalidade moldada como a rocha, pelos anos, se torna suave ao toque.
A erosão de qualidades que te torna numa espécie própria.
Dizem que a sabedoria é infinita. Mas dentro do que sei, sou sábio. Não consigo saber mais nada. Não que não tente, mas simplesmente não consigo! Sei tudo o que tenho de saber de mim mesmo e por agora, basta-me. Torna-me uma pessoa melhor.
Mas não aos teus olhos, porquê?
Acho que faço demasiadas perguntas. Maior parte das quais, sem resposta. Pelo menos objectiva. Porque existe resposta para tudo. Para todas as perguntas, e interrogações.
Para o significado do Universo, para a duração do tempo, para a vida. Existem perguntas e respostas! É assim mesmo que funciona. Mas porquê? Existirá resposta?
Quanto tempo me resta? Poderá ser contabilizado? Se até o tempo é relativo… Como poderei ter certeza de algo?
Questões de alguém que muito o quer saber. Saber mais do que apenas como vai o tempo! O saber não nos eleva, mas ajuda. E neste caso, quero ser bem mais alto. Tocar o céu e sentir as estrelas. Confundir-me com os astros e corpos celestes. Que como o meu, se contorcem em ritmos vários. Apenas e só, para parecem belos a teus olhos.
Mas tu apenas caminha, mecanicamente. E segues o teu rumo…

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