Com um quê...


Enquanto

Enquanto penso
Nem sei o que escrevo.
Entre o fumo da velha cidade
Só vejo o que não quero ver
Enfim... Não desejo sequer sonhar!

Ter medo de até atravessar a rua
Ter que olhar para dois lados e mais um
Num triângulo de medo
Como se não soubesse que a minha vida ia acabar de qualquer maneira
Como se não vivesse para morrer.

Aperto o casaco que está frio
Todos os dias está cada vez mais frio.
Contei-os... Chamei-lhes centenas.
Só para não me lembrar do seu nome certo.
Sei que era qualquer coisa entre uma coisa qualquer.

Como se eu soubesse que hoje ia chover...
Como se eu soubesse que a graça divina de quem precisa
Se ia transformar em tão inferno para mim.
Sinto o meu peso em água
Que não larga o casaco.

Já tinha idade para ser alguém
Fez ontem 6 dias que fez um ano que deveria ser alguém
Entre centenas de dias, algures no meio
Já deveria ser alguém
Já toda a gente deveria saber o meu nome

Posso ver-me numa poça de água
Tenho feições dos paralelos da estrada.
E talvez o mereça. Para saber falar a sério
Ficar como pedra. Sucumbir ao frio.
Esquecer a chuva e o casaco...




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